RapLab: o laboratório de rap que transforma arte em conhecimento na Baixada Fluminense
Criado pelo rapper, educador e produtor cultural Dudu de Morro Agudo, o RapLab é mais do que uma oficina artística. É uma metodologia de construção coletiva do conhecimento que une juventude periférica, educação popular e cultura hip hop em um processo potente de formação, escuta e criação. Desde sua criação no Instituto Enraizados, em Morro Agudo – Nova Iguaçu (RJ), o projeto tem impactado centenas de jovens e consolidado o rap como ferramenta pedagógica e de emancipação.
O funcionamento do RapLab é simples, mas poderoso: em encontros de cerca de três horas, jovens se reúnem para discutir um tema social, político ou existencial. A partir desse debate, constroem juntos uma letra de rap, gravada em um estúdio móvel ao final da atividade. Ao longo do processo, não há professores no sentido tradicional. Todos são aprendizes e mestres ao mesmo tempo, compartilhando saberes, experiências e afetos.
“É um processo de aprenderensinar, como diria Paulo Freire. A gente se educa em comunhão. A música vira uma ponte entre o que vivemos e o que queremos transformar”, afirma Dudu de Morro Agudo, idealizador da prática.
O RapLab já foi aplicado em escolas públicas, bibliotecas, eventos culturais e instituições de direitos humanos, como a Anistia Internacional. Foi utilizado, por exemplo, para transformar os dados do relatório “Jovem Negro Vivo” em música, de forma acessível e potente para a juventude preta das favelas.
A metodologia também foi aplicada em projetos de longa duração, como na Biblioteca Parque de Manguinhos e no Centro Cultural da Pavuna, onde os encontros se tornaram um espaço seguro para que jovens pudessem discutir suas angústias, aprender a se expressar, criar laços e desenvolver criticidade.
Mais do que criar músicas, o RapLab ajuda jovens a perceberem sua potência criativa, seu papel na sociedade e suas múltiplas possibilidades de futuro. Muitos deles entram apenas “pela diversão”, mas saem com uma nova visão de mundo e de si mesmos.
O projeto também provoca reflexões sobre mercado, liberdade artística e subalternidade. Em um de seus artigos, Dudu afirma:
“No RapLab, o produto final — a música — não é o fim, mas o meio. O que importa mesmo é o processo, é a conversa, o encontro, o afeto, o pensamento crítico. E, sim, às vezes o resultado é uma obra-prima.”
O RapLab está sendo estudado em programas de pós-graduação como uma prática inovadora de educação popular, e faz parte da tese de doutorado de Dudu de Morro Agudo na Universidade Federal Fluminense. A proposta é que a metodologia se espalhe e possa ser aplicada em outros territórios e contextos, sempre respeitando a escuta, o território e a criação coletiva.
Quer levar o RapLab para sua escola, universidade, ONG ou evento?
Entre em contato com o Instituto Enraizados e conheça as possibilidades de aplicação da metodologia em seu território. O RapLab é mais do que uma oficina: é uma experiência de vida.

